Rubem Fonseca • Feliz Ano Novo

• Feliz Ano Novo, livro de contos de Rubem Fonseca, foi publicado inicialmente em 1975, mas, proibido pela censura, apenas em 1989 teve sua circulação permitida (e apenas em maio de 2006 foi lido por este resenhista). Podemos dizer que se trata de um clássiso do noir brasileiro, apresentando como protagonistas anti-heróis pervertidos e violentos. Mais do que uma boa seqüência de thrillers de ação, entretanto, é um chocante retrato de nossa sociedade, sem paternalismo ou hipocrisia.
• A escritura dinâmica e fragmentária de Fonseca leva-nos à sensação de estarmos devorando histórias em quadrinhos, estilo Pons ou Frank Miller, que relatam situações de ultra-violência urbana de maneira crua, intensa e cativante. E o livro é mesmo daqueles que se devoram, e embora fosse recomendável um tempo para digerir cada um dos contos, a tendência é passarmos de um a outro, como se flanássemos com um potente binóculo pelas milhares de janelas dos edifícios da metrópole, descobrindo o que se passa no mais íntimo das qualquer um de nós.
• Outra característica interessante é que, embora idoso de 31 anos, o texto parece atual – talvez porque nessas três décadas realmente muito pouco tenha mudado em nossa sociedade injusta e desigual, que geralmente se esquece que, na História, os verdadeiros protagonistas são os sujos, fodidos e mal pagos.
FONSECA, RUBEM. Feliz Ano Novo. 2ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (1ª edição: 1975; 1989). 174 p. Esgotado.

Um comentário:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.